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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A EUTANÁSIA NA VISÃO ESPÍRITA




A Eutanásia na visão espírita

Queridos e amados irmãos, o que pensamos a respeito da Eutanásia, é uma ajuda ou um assassinato ao enfermo?? Eutanásia,  do grego ‘eu’ (bom) e ‘tanathos’ (morte). Seria, analisando etimologicamente, a suposta “boa morte”. Cientificamente, uma morte com menores sofrimentos.

A eutanásia é tratada por alguns enfermos como “um meio de se obter uma morte digna”. Não podemos julgar essas pessoas devido aos seus problemas e suas condições de saúde. Mas podemos analisar a palavra digno. Digno é, entre outros significados, alguém ou algo merecedor. Analisemos este termo. Então, no caso, por se encontrarem em um estado grave de enfermidade, algumas pessoas se julgam no direito de determinar o término de sua vida, julgando esta ser uma opção mais correta por não se considerarem merecedoras deste tipo de desencarne. No Livro dos espíritos, os espíritos afirmam que “é sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência”.
No livro Após a Tempestade, Joanna de Ângelis define a eutanásia como algo puramente material. “É uma prática nefanda que testemunha a predominância do conceito materialista sobre a vida, que vê apenas a matéria e suas implicações imediatas em detrimento das realidades espirituais, refletindo também a soberania do primitivismo animal na constituição emocional do homem”, afirma. Depois dessa explicação, vemos que esse ato pode parecer bastante pensado aos olhos da pessoa, do ponto de vista material, mas é uma atitude extremamente impensada do ponto de vista espiritual. Queremos que as pessoas pensem realmente se é isso que desejam. Esse ato abrevia o sofrimento de hoje, mas acarreta sofrimentos até maiores a esses espíritos ao longo de sua caminhada evolutiva e contradizem, se for o caso, o respeito dessas pessoas às leis de Deus. Nós, espíritas, temos a consciência de que a eutanásia não é um alívio. Pelo contrário, é o início de grande sofrimento para esse espírito. Tal ato seria uma inconsequência mediante o que aprendemos em nossa doutrina. Não estamos aqui simplesmente para passar nossa opinião. Estamos, além disso, mostrando o que a Doutrina Espírita tem a nos dizer sobre esse tema tão complexo.

E no caso de uma outra pessoa, seja ela um familiar ou o próprio médico, tomar a decisão de interromper a vida desse enfermo ou colaborar com esse ato? Seria essa uma ação solidária ou inconsequente, errônea?
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo V (Bem-aventurados os aflitos), item 28 “Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se lhe alguns instantes de angústia, apressando-se lhe o fim?”, nós podemos obter a resposta: “Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até a borda do fosso, para daí o retirar a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar ideias adversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A ciência não se terá enganado nunca em suas previsões? (...)”

O Evangelho nos responde e ainda toca em uma questão muito importante: a ciência e seus erros, improváveis mas possíveis. Com certeza, acontecem muitos casos de médicos que preveem um prazo de vida a um enfermo e este se expande muito mais que o esperado. Sabemos que a ciência evolui a cada dia e nos prova coisas consideradas improváveis há tempos atrás. Ela pode até determinar os fatores que podem influenciar uma vida longa ou curta, mas nunca dizer exatamente quando será o termo de uma vida. Isso só cabe a Deus.

Observamos  uma crescente onda de  posicionamentos favoráveis à eutanásia. Tais posições, na maioria das vezes originam-se no sentimento  de compaixão  em relação ao sofrimento do doente em fase terminal, preso ao leito, com a sentença dada pelo diagnóstico médico de que a situação  é irreversível. Muitas vezes, percebe-se a existência de interesses velados, geralmente relacionados  com questões de ordem econômica – financeira, ou a presença de sentimentos egoísticos que levam à necessidade de libertar o doente, para liberar o compromisso e responsabilidade com o mesmo. Sob o contexto materialista e imediatista que caracteriza a sociedade contemporânea, a eutanásia surge  como um bálsamo,  que liberta o ser de um sofrimento inútil  já que não existe uma expectativa de cura ou retorno à consciência.
Essa questão refletida à luz do espiritismo, nos remete à análise de dois pontos fundamentais :  a Reencarnação e a lei de Causa e Efeito.
A reencarnação, é  o processo que possibilita o desenvolvimento intelecto-moral do ser,  através da pluralidade das existências, e viabiliza o crescimento íntimo que geralmente é lento, mas contínuo.“ Uma existência física é período muitíssimo breve para aquisição dos tesouros inimagináveis da sabedoria que promana de Deus”Portanto, em cada experiência carnal o ser avança  paulatinamente, seja pela dor ou pelo amor, na sua caminhada em busca da plenitude. Por conseguinte, a vida é uma dádiva que recebemos, para  que possamos cumprir os nossos programas evolutivos, numa trajetória ascendente para Deus. O corpo é o instrumento abençoado que possibilita a existência na oportunidade redentora da reencarnação. Este,   é modelado de acordo com as matrizes do períspirito que tem registrado “todos os títulos de enobrecimento  ou os débitos adquiridos pelo ser espiritual nas suas sucessivas reencarnações.” Consequentemente, somos os artífices desta  preciosa máquina através da qual  seguimos na jornada rumo ao sublime. Desta forma,  os diferentes processos de enfermidades pelos quais passamos podem ter sua gênese em atitudes não saudáveis que  adotamos na presente existência, como ser decorrente das tergiversações do passado.
O processo de evolução é lento, muitas vezes árduo, porém, justo,  de acordo com as especificidades de cada ser.“ O homem é o construtor de si mesmo sob a inalienável observância e o determinismo das soberanas Leis……
Legatário das próprias experiências, plasma numa etapa o envoltório de que se revestirá na próxima, enrodilhando-se no cipoal dos remorsos ou elaborando as asas,  com que, livre planará nos espaços da consciência reta.”
Segundo a Lei da Causa e Efeito ou Ação e Reação, o ser vivencia na presente existência as reações de suas ações do passado, portanto, é responsável por seus atos, e também responsável por tudo de bom como de mal  que lhe acontece. Assim, o sofrimento humano, tem sua origem nas vidas anteriores, e se constitui  em via  de redenção espiritual, devido  à imperfeição moral do ser. Através deste, o homem resgata os compromissos assumidos no passado delinquente, ao esmo tempo  que repara as infrações cometidas contra os códigos estabelecidos pela Lei da Vida, ascendendo na hierarquia evolutiva e deixando à retaguarda  o seu primitivismo animal.
Diante da compreensão e aceitação da reencarnação, do entendimento que a justiça é feita através do próprio ser pelo seu proceder, não há como aceitar a eutanásia. Esta, se  apresenta como crime ante a consciência da realidade espiritual. Não cabe ao homem deliberar sobre a vida ou morte de seu próximo, mesmo que este se encontre em extremo sofrimento, moribundo ou em outras aflições irrecuperáveis. Compete somente à Deus precisar a hora  do término da provação. Quem somos nós, para prever o tempo necessário do resgate edificante? Quem garante que o doente não possa se restabelecer de forma imprevista? Quem pode afirmar que a ciência nunca falhou? Quem  sabe se a ciência não descobre  cura ?
Para o espiritismo não há explicação que justifique a utilização da eutanásia,  sempre deve-se respeitar a vida humana até o derradeiro suspiro, e além dele na verdadeira vida – a espiritual. Quando o homem se deixar tocar pela fé verdadeira, entenderá o real significado da dor e da compaixão, e este tema – eutanásia -, não será mais motivo de discussão e preocupação, pois os esforços serão todos envidados no sentido da cooperação, para que os irmãos em sofrimento possam chegar ao término de sua jornada terrena cumprindo com êxito sua provas e expiações, para  seguir em paz  rumo a libertação total. 
Queridos e amados irmãos, por todos esses fatores, devemos ser contra a Eutanásia (não esquecendo, claro, do livre arbítrio) mas, acima de tudo, devemos nos mostrar solidários aos enfermos, argumentando sobre a decisão destes de abreviar sua vida, mostrando-lhe que é importante à sua família, sem entrar na questão do desencarne (pós-morte) em se tratando de uma pessoa que não tenha religião ou que não seja espiritualista, mostrar a esta uma maneira de ser útil à sociedade, de ter autoestima, de se sentir alguém.


 Espero mais uma vez ter contribuído para um melhor esclarecimento entre os irmãos.


Abraços Fraternos


O    AUTOR

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