.

.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

DOLLY & EU. Uma História verdadeira.



                               

                                     DOLLY & EU

                                      Uma história verdadeira.



Era verão do ano de 2000 e acabara de chegar as minhas mãos uma cachorrinha Poodle Micro toe com 45 dias de vida, mais parecia com um flóquinho de algodão, presente de uma cliente muito querida que havia me prometido; Seu nome era Dolly.

Seu pelo branco encaracolado mais parecia uma ovelhinha em miniatura, dócil que com sua doçura logo encantou a todos nós, eu e meus filhos.

Sua energia contaminava a todos com suas brincadeiras e como me faz saudades essa época... e brincando... brincando... brincando, ela foi se tornando adolescente como se tornavam os meus filhos.

Os anos foram passando hoje não tem mais aquela energia para continuar brincando, embora as vezes ainda tente e eu faço de conta que compartilho de toda aquela "jovialidade " não mais existente, os filhos cresceram e foram viver as suas vidas, criando as suas próprias famílias e ficamos nós dois: Dolly e Eu,

A Dolly comigo participou dos MELHORES e dos PIORES momentos da minha vida, neste momento que faço essa narrativa minhas lágrimas caem sobre o teclado do computador ao relembrar todos os momentos da minha vida ( um filme passa na cabeça) e olha que não foram poucos momentos... O tempo passou, fiquei doente, contraí o vírus do hiv (imaginem o quanto é constrangedor expor a minha vida desse jeito, mas para fazer essa HOMENAGEM PARA A DOLY, corro o risco), ou nada que os outros já não soubessem e faziam de conta que nada estavam sabendo.... Ainda mais, nesta sociedade onde um adora falar do outro, sem olhar o próprio rabo ou para o seu telhado vitrificado, enfim, todos os meus amigos ou que assim se diziam afastaram–se, a Dolly não, sempre ao meu lado... me fazendo festas quando vê que eu estou triste, me fazendo carinho quando me vê com carência de afeto.

Envelhecemos juntos: Dolly e Eu, embora eu tenha apenas 54 anos, as limitações que a minha saúde impõem aumentam significativamente a minha idade, enquanto a Dolly hoje com quase 14 anos carrega consigo uma velhice plena, dizem que cada ano vivido por um animalzinho corresponde a 7 anos... Então a Dolly hoje estaria com 90 anos aproximadamente, e ela ali do meu lado sempre atenta aos acontecimentos, embora hoje com pouca visão, surdinha, as vezes bem isolada do mundo, coitadinha a vida não foi lá muito justa com nós dois.

Toda a noite ela dorme comigo e durante o dia se divide entre a cama estufada toda de bichinhos cor de rosa que esta na minha casa e sobre uma almofada que ela costuma dormir na casa de minha mãe que mora em frente, quando saio ela fica com minha mãe, a pessoa que ela mais gosta depois de mim e quando vai chegando a tardinha ela deita e fica chorando na soleira da porta à minha espera; Gosta de comer Frango cozido desfiado e carnes em geral bem picadas pois, os poucos dentes que lhe sobraram devido a sua idade não lhe proporciona alimentos mais sólidos, gosta de chocolate e o veterinário vive brigando comigo, mas eu penso que é só o que ela vai levar da vida o que comer e o que gostar.... As marcas da idade já são visíveis sobre os seus ombros, mas ela ali... Guerreira, não sei se ela tem medo de partir sem me levar ou se tem medo de partir e me deixar.... assim é a Dolly !

O amor que eu sinto por ela é o mesmo que eu sinto pelos meus filhos... e acho que até bem mais, pois os meus filhos esqueceram da nossa existência, raramente aparecem, ela não, sempre ao meu lado.

Hoje, alem do hiv luto também contra um câncer no pulmão , não sei quanto tempo me resta de vida, espero que muito tempo , mas garanto aos meus irmãos que peço diariamente ao Pai Universal que quando estiver para chegar a minha hora... que de modo algum me dá medo, pois , por varias vezes tive em minhas mãos a solução dos nossos problemas e nada fiz... não por mim mas por ela , não achei justo e não tive coragem , principalmente olhando para aqueles olhinhos tão lindos e pedintes por amor;  Sou espírita e acredito na continuidade da vida; Enfim, peço ao Criador que leve a Dolly antes de mim,  “O único medo que eu tenho nesta vida é de partir e deixar a Dolly para passar trabalho nas mãos dos outros”... pois, ninguém á conhece e á entende como Eu, ninguém conhece as suas manias... sim, pois a Dolly é uma senhorita idosa cheia de manias e necessidades.

Eu vim ao mundo, vivi,  cresci aproveitei a vida, casei, tive 4 filhos, me divorciei, cumpri a minha missão... estou envelhecendo e quem sempre esteve e continua ao meu lado é a Dolly, Amor doado diariamente,  incondicional;
Para mim a Dolly foi o “Anjo que Deus mandou para me auxiliar em todos momentos da minha vida “.

Não foi meu interesse transformar esse texto em uma coisa triste, muito menos em uma despedida , mas as narrativas assim á fizeram, Dolly mora comigo, aproveitamos a vida juntos e sabe Deus do quanto já me privei nesta vida para não ter de me separar da Dolly, Vivemos bem, somos felizes do nosso jeito, e tenho a certeza que a nossa história não acaba aqui, pois Deus não à colocou em minhas mãos pelo acaso...   Existência eterna !


PARA A DOLLY COM TODO O MEU AMOR E AGRADECIMENTO.

                                                                         
                                                                              Josimar   Fracassi

                                                                                  O    AUTOR
                                                                                     

Nenhum comentário: