MENSAGEM DE ANO NOVO

O HOMEM QUE ARRASTAVA OS PÉS


Aconteceu que eu peguei uma corrida longa, para a zona norte da capital .
Para não voltar rodando vazio, resolvi parar em um ponto, que estava vago por lá. Abri a porta do táxi, reclinei um tantinho o banco e relaxei, apreciando a paisagem.
Foi quando cruzou em frente ao meu táxi o mendigo que arrastava os pés.
Era um desses típicos moradores de rua.  Roupa encardida, barba longa e um charuto apagado no canto da boca. Levava um saco nas costas e um colchonete enrrolado em baixo do braço.

O pobre homem tinha um companheiro, um cachorro de raça indefinida.
O bicho se deixava levar atado à cintura do mendigo.
Como já disse, o homem arrastava os pés. Ele calçava uns sapatos muito grandes mesmo. Deve ter herdado de algum jogador de basquete.
A fim de não perder os pisantes, o mendigo arrastava os pés como se estivesse patinando no gelo em camara lenta.
Inspirado na cena, comecei a rascunhar uma crônica sobre essas figuras folclóricas que toda cidade grande tem. Pessoas que vivem em seus universos particulares.
A moça que acha que é dona de Porto Alegre e anda pela rua vestida de rainha. O garoto que corria pela avenida Nonoai dirigindo um carro imaginário do qual, na verdade, só tinha o volante. A mulher que acha que é agente de trânsito e vai para os cruzamentos apitar...
Estava distraído, escrevendo essas coisas, quando bateram na janela do meu táxi.
Era o mendigo que havia voltado. Com o charuto balançando perigosamente entre os lábios, ele perguntou se eu poderia trocar R$50,00 .
Achei engraçado e resolvi entrar na brincadeira.
Disse que sim.
O homem, então, tirou do bolso um feixe de notas de R$50. Novinhas em folha.
Devia ter mais de Mil Reais! Ele escolheu, com cuidado, uma entre todas as notas ( talvez a menos nova) e me passou.
Devolvi o dinheiro trocado. Ele agradeceu, guardou o dinheiro sem conferir, resmungou alguma coisa para o cachorro e se foi -  Arrastando os pés para não perder os sapatos.
A cidade não cansa de me surpreender!

      
                                                             Mauro Castro
Fonte: Jornal Diário Gaúcho, Porto Alegre, RS.


Palavras do Autor do Blog:

                                             Moral da história:´´Nunca méssa o Monge pela véste, O perfume pelo frasco e nem o homem pela aparência``; O homem vale pelo que carrega no seu interior,
Pelos seus pensamentos, pelas suas ações, pela sua perssonalidade e conteúdo moral.
Que nesse 2012, façamos das nossas experiências, dos nossos erros e dos nossos acertos, alicerces concretos para novos objetivos, para a nossa melhoria moral e espiritual.

                               FELIZ 2012, UM ANO NOVO REPLETO DE REALIZAÇÕES !  , E, QUE O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO ABENÇÕE A TODOS NÓS.



                                                                             O   AUTOR.