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domingo, 26 de junho de 2011

Mensagem de um homem triste. (Meimei)

Passaste por mim com simpatia, mas quando me viste os olhos parados, indagaste em silencio porque vagueio na rua.

Talvez por isso estugaste o passo e, embora te quiseste chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.

É possível que tenhas suposto que desistí do trabalho, no entanto, ainda hoge, bati, em vão, de oficina em oficina... Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar dignamente o meu pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à inutilidade, e outros, desconhecendo que vendi minha roupa melhor para aliviar a esposa doente, despediram-me apressados, acreditando-me vagabundo sem profissâo.

Não sei se notaste quando o guarda me arrancou à contemplação da vitríne, a gritar-me palavras duras, qual se eu fosse vulgar mal feitor... Crê, porém, que nem de leve me passou pela mente a idéia do furto; apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçarem com fome, quando retorno a casa.

Ignoro se observaste as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando-me embreagado, porque eu tremesse encostado ao poste;  afastaram-se todas, com manifesto de desprezo, contudo, não tive coragem de explicar-lhes que não tomo qualquer alimento há três dias.

A ti, porém, que me fitaste sem medo, ouso rogar apoio e cooperação; Agradeço a dádiva que me estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do Cristo que dizemos amar, peço me restituas a esperança, a fim de que eu possa honrar, com alegria, o dom de viver. Para isso, basta que te aproximes de mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo meu infortúnio, qua ainda sou teu irmão.



                                                   Psicografada por Francisco Cândido Xavier.

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