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sábado, 30 de maio de 2015

O PODER DA ORAÇÃO

Por: Manoel Philomeno de Miranda  e  Divaldo Franco




O cérebro, este dínamo gerador de energia psíquica, é também fonte de exteriorização que se espraia, facultando a vitalização ou desequilíbrio na área que focaliza. Externando-se através do pensamento, este se lhe torna o veículo que a potencializa e direciona. Quanto maior for a intensidade mental da idéia, mais poderosa se apresenta a onda em que se movimenta.

Em face dessa realidade, o cultivo dos pensamentos edificantes, pela constituição vibratória de que se reveste, estimula os neurônios cerebrais que produzem substâncias saudáveis e processamentos eletroquímicos, que facilitam as sinapses e viajam pelo sistema circulatório, vitalizando as células e auxiliando-as no processo de mitose harmônica.
Quando estão carregados de pessimismo ou malquerença, de ressentimentos e ódios, produzem moléculas que são eliminadas pelos mesmos neurônios com alto poder destrutivo, que perturbam as comunicações e se alojam no sistema nervoso central e no endócrino, afetando o de natureza imunológica, naquele indivíduo que prossegue na emissão de mensagens tóxicas e perturbadoras, às vezes atingindo a pessoa que esta na mira da sua revolta.

O ato da oração é constituído pelo fixar dos pensamentos nobres e aspirações superiores, produzindo ondas carregadas de amor e de harmonia que mantêm em grande atividade os centros nervosos, que se alimentam de forças e, de imediato exteriorizam as vibrações que atraem os bons espíritos, que acorrem para ajudar, ao tempo em que as canalizam no rumo das Esferas superiores onde são captadas para análise imediata.
Em face do seu conteúdo especial, são potencializadas e retornam ao emissor, proporcionando-lhe vitalização e alegria. ode, dessa forma, a oração ser encaminhada aos Centros espirituais de captação para análise de conteúdo ou direcionar-se para os objetivos a que se destina.

Por isso, a oração pode ser de louvor, quando se expressa em hinos de alegria e de homenagem ao criador, à vida, às ocorrências existenciais; de rogativa, quando revestida pela necessidade que pode ser socorrida pelo Divino Poder, não apenas por quem ora, assim como em favor daquele por quem se intercede, e de gratidão, transformada em júbilo pelo que se tem logrado ou ainda não conseguiu...

A oração inunda de emoções superiores o ser que se lhe entrega ao ministério. Quando é a favor do próximo, encarnado ou no plano espiritual, alcança-o como uma onda de paz, que favorece a reflexão, o despertar da consciência para a responsabilidade, o diminuir das aflições, ensejando o prosseguimento a partir desse momento com diferente disposição emocional e psíquica.

Mesmo quando o beneficiário ignora o recurso que lhe é direcionado, ainda assim é alcançado pela emissão vibratória e experimenta alteração para melhor no quadro do comportamento em que se encontra. Se conhecedor do benefício, gerando sintonia mental, mais se robustece de recursos valiosos, que se transformam em bem-estar, saúde e paz.
Enfermos terminais uns, portadores de doenças degenerativas outros, de distúrbios psicológicos ou psiquiátricos diversos, quando envolvidos pelas ondas benéficas da oração, experimentam sensações favoráveis que, se utilizadas de forma edificante, podem modificar a situação em que se encontram, reiniciando os processos de recuperação ou de diminuição dos seus sofrimentos.

Os desencarnados, por sua vez, sentindo-se recordados e queridos, ao captarem a onda mental que lhes é direcionada, têm diminuídas as angústias e perturbações, reconsiderando a situação em que se encontram e se reanimando, desse modo adquirindo forças e valor para superarem as dificuldades que os afligem, frutos amargos da insensatez a que se entregaram anteriormente.

A onda mental da oração cinde a densa camada da psicosfera deletéria onde respiram aqueles a quem é enviada a mensagem de amor, e qual um raio vigoroso deixa a claridade da sua presença e descarga de energia benéfica de que se faz portadora.

Não elimina, certamente, os débitos, nem seria justo que assim acontecesse, também não impede o insucesso, mas oferece serenidade e confiança para o enfrentamento dos efeitos perniciosos dos atos transatos, trabalhando em favor da mudança da paisagem, que se nimba de diferente conteúdo propiciador de paz e de vitória que devem ser alcançadas, a partir de então. Simultaneamente, aquele que ora se potencializa e irradia ondas de harmonia que envolvem a tudo e a todos quantos lhe estão no campo psíquico ou emocional.

Animais e plantas captam as ondas mentais que lhe são dirigidas, refletindo no comportamento os efeitos saudáveis ou danosos do tipo de vibrações de que se constituem.
No momento em que a criatura humana se conscientizar do poder da oração ou do pensamento nobre, o planeta será beneficiado pela emissão individual e coletiva de orações para recuperá-lo após todas as agressões que tem sofrido pela imprevidência e loucura dos seus habitantes, tornando-se abençoado reduto de regeneração, ao invés de oficina de dolorosas provas e expiações.

O pensamento, portanto, vinculado a Deus, ao bem, ao amor, ao desejo sincero de ajudar, eis a oração que todos podem e devem utilizar, a fim de que a felicidade se instale por definitivo nos corações. Por isso que as formas e as fórmulas utilizadas para a oração se fazem secundárias, sendo indispensável a intenção do orante, cujo propósito estimula o dínamo cerebral a liberar a onda psíquica vigorosa que lhe conduzirá a aspiração.

O hábito de orar, a constância da oração, a elevação do pensamento se transformarão em um estado especial de equilíbrio espiritual, que sustentará o ser em todas e quaisquer ocasiões da sua existência.

Isto, porque, oração é vida, e com Jesus é vida em abundância...


Abraços Fraternos


Josimar Fracassi

segunda-feira, 25 de maio de 2015

APRENDI A SER FELIZ





Aprendi que nossa idade é medida mais pelas nossas vivências do que pelo tempo que passamos...
Que a vida tem o gosto que queremos que ela tenha...
Depende do jeito que a gente vê e sente as coisas....
Podemos Vê-la...
Com alegria no rosto desfrutando das pequenas coisas que Deus nos dá
ou com tristeza...
estampada no coração...
aceitar os caminhos de Deus com alegria.
amar as pessoas que passam pela nossa vida...
com a intensidade querida e necessária
agarrá-las em nossos braços e fazê-las felizes...
Viver intensamente esse sentimento divino que é o amor...
O amor por tudo que é de Deus,
mostrado pelos pequenos e grandes gestos da nossa vida...
Não se abata pelos obstáculos que aparecerem em sua vida!
Cada um deles teve sua missão e seu aprendizado...
Nenhuma flor nasce sem que seja consentimento do Criador...
DEUS...
Curte a vida!
Abra os Olhos...
olhe para o céu e sinta-se envolver pela magia da natureza!
Porque tudo que Deus faz e maravilhoso.
Deixe o palco dos medos e das dúvidas.
De um sorriso e enfrente os desafios e os sonhos.

Não venha com esse olhar de dúvidas.
Não fique espantado...
Acredite!
Você pode sonhar e realizar seus sonhos.
Viva suas fantasias.
Deixe o arco-íris passas na sua vida!
Sinta o poder de Deus ao seu redor.
Você pode!
Acredite em Deus.

Thais Fonseca


                                                                         Abraços  Fraternos


                                                                             O AUTOR

sábado, 9 de maio de 2015

A VERDADEIRA SABEDORIA - Francisco Valdomiro Lorenz *1872 +1957 - RS - Brasil




A VERDADEIRA SABEDORIA

- Por Francisco Valdomiro Lorenz -


Ninguém nasceu sábio, diz um provérbio; e tem razão. Todos os entes humanos vêm a este mundo terrestre com o fim de aprenderem; e, quem deve aprender, não é, naturalmente, ainda sábio. Até o Mestre Jesus enquanto criança não era reconhecido como sábio. Diz o evangelista: “Jesus crescia em sabedoria e em idade”; portanto a Sabedoria foi manifestando-se nele, gradualmente. Ainda depois de haver sido batizado no Jordão, teve que combater as tentações, personificadas pelo Satanás.

E o mestre Buddha, quanto tempo precisou para descobrir a Fonte da Sabedoria? Ele, cujo nome mesmo significa “Sábio” ou “Iluminado”. Não foi no esplêndido palácio real, não foi entre os gozos e prazeres, nos banquetes e no meio dos aduladores e servos submissos, que adquiriu Iluminação Suprema. Mas também não foi na vida ascética que essa Iluminação baixou sobre ele.

Nos primeiros 29 anos de sua vida cercavam-no de numerosos véus de Maya sensual, ilusão dos sentidos físicos; sete anos teve que lutar contra as Ilusões astrais, até que, por fim, reconhecendo que não se consegue obter a Suprema Sabedoria nem por meio de abstenção de alimento, nem por meio de sofrimento corporal, desistiu desses métodos errôneos e tratou de abrir a sua Mente. E então, só então se sentiu mergulhado na luz da Eterna Sabedoria. Só então obteve o conhecimento das suas encarnações anteriores e o conhecimento do método pelo qual se obtém a extinção dos desejos egoísticos e dos vínculos cármicos.

Dois são os caminhos que levam ao pleno conhecimento da Verdade, que é, ao mesmo tempo, a Suprema Sabedoria. Um deles é o caminho do Saber; o outro, o caminho da Fé. O primeiro prevalece no Buddhismo; o segundo, no Cristianismo.

Não pense, porém, que estes dois Caminhos são contrários um ao outro; ambos levam ao mesmo Alvo, e unem-se antes de chegar a ele.

Ambos são necessários, porque cada Alma há de percorrê-los a ambos, mas não precisa fazê-lo na mesma encarnação. Como alguns dos que já “entraram no caminho” têm desenvolvido mais as faculdades racionais, e outros desenvolveram mais o “coração”, isto é, as faculdades sensitivas, é natural que os primeiros fazem mais progresso pelo Caminho do Saber, e os outros pelo Caminho da Fé.

O primeiro, também chamado o Caminho da Razão, observa o Universo objetivamente e descobre nele uma única Lei impessoal, que rege todos os acontecimentos, unindo-os numa harmoniosa Unidade. Ao buddhista, essa Lei de Carma, a Lei de Causalidade, ou Lei de Causa e Efeito, explica os mistérios da aparente injustiça moral, e a existência de uma Verdadeira Justiça Universal.

Ao cristão, verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, a Luz do segundo caminho, o da Fé ou Caminho do Coração, apresenta o Universo como um Ser Supremo, Deus Criador e Eterno Legislador.

Mas, para o verdadeiro Sábio, não há diferença essencial entre esses dois métodos de Conhecimento. Ambos são apenas dois aspectos de uma mesma Coisa, como os Discípulos dos Mestres já o reconhecem.

Uma vez foi Buddha perguntado: “Há ou não há Deus Criador?” Então, a quem julgava que tal Ser existia, o Iluminado apresentou objeções que podiam provar a inexistência de Deus. Em seguida, porém, continuou dizendo: “E agora te provarei o contrário do que acabo de afirmar.” E pôs-se a dar-lhe provas irrefutáveis da existência de Deus Criador. Vendo o discípulo confundido, acrescentou: “Não te inquietes com estes paradoxos; procura primeiro chegar à Iluminação, e depois tudo se te tornará claro.”

E o Caminho que guia a essa Iluminação, que esclarece todas dúvidas e nos enche de imperturbável sentimento de que existe uma infinita Sabedoria, que é, ao mesmo tempo, Infinita Bondade, Suprema Justiça, o Criador e Legislador do Universo, nosso Pai, o nosso imortal ideal, exige que algum tempo caminhemos pela Senda da Razão, e outra vez pela Senda do Coração, senão ainda não saberemos por os nossos pés assim que estejam simultaneamente em ambos esses caminhos.

Sem nos livrarmos, porém, das bagagens que o nosso Egoísmo nos pôs sobre os ombros, não faremos progresso no Caminho. Essas bagagens são: apego ao que é material e sensual; a ilusão de que alguém fora de nós pode nos salvar, mesmo sem nossa cooperação; a ilusão de que os bens materiais, em si só, têm valor para o verdadeiro Progresso; o medo de que alguém nos possa fazer mal; a ilusão de que as forças psíquicas, de per si, demonstram adiantamento espiritual.

Não devemos desprezar a matéria e seus gozos lícitos; quem o faz, sente, mais tarde, o choque de retorno; mas devemos procurar cada vez mais libertar-nos das necessidades desses gozos. Não julguemos que Jesus já nos garantiu a nossa salvação e que é desnecessário nós mesmos no-la merecer; mas compreendamos o que Jesus nos prometeu, fazendo as obras por Ele exigidas. Os bens materiais devem servir para o progresso da nossa Alma, para obras de caridade, estudos, etc; mas não para luxo e orgulho.

Ninguém nos pode fazer mal algum, se nós não lhe temos dado motivo. Não nos fiemos no psiquismo; ele deve ser servo das Forças Benfazejas, mas não se deve tornar nosso escravizador, nem um meio de sermos seduzidos por forças maléficas.

Quem deseja obter a Liberdade Espiritual, siga estas regras.



(Texto extraído da Revista “O Pensamento”; Março/Abril – 1997 – páginas 59-61).

- Nota de Wagner Borges: Francisco Valdomiro Lorenz (1872-1957) foi um grande intelectual, lingüista e espiritualista da primeira metade do Século 20. Foi um gigante na divulgação do Esperanto e autor de várias obras espiritualistas importantes como: “O Filho de Zanoni”, “Raios de Luz Espirituais” e o excelente “Lições Práticas de Ocultismo Utilitário” (todos esses livros pela Editora Pensamento).
Nascido na pequena aldeia de Zbislav, perto da cidade de Tcháslav, na Boêmia, bem jovem veio morar no Brasil, no Rio Grande do Sul, terra que logo lhe encantou, e onde viveu até o fim de sua encarnação. Inclusive, com o seu tempo de permanência por aqui, acabou por adquirir cidadania brasileira.
Francisco Valdomiro Lorenz foi um grande espírito reencarnado, para espalhar os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade entre os homens. Hoje, morando nos planos extrafísicos, continua sua obra humanitária e espiritualista, inspirando espiritualmente aos homens de boa vontade os ideais baseados na luz e no progresso.


Abraços  Fraternos


Josimar Fracassi


quarta-feira, 6 de maio de 2015

NARCISISMO - Facinação Obsessiva





O narcisismo é desvio de comportamento que perturba o ser humano colhido pelos conflitos que não consegue diluir. Também pode ser resultado de alguma frustração que leva o paciente ao retorno ao período infantil.

Auto-apaixonando-se, o narcisista se atribui valores e direitos que a outrem não concede, tornando-se o epicentro dos próprios e dos interesses gerais.

À medida que se lhe agrava o distúrbio, aliena-se do convício social saudável, acreditando que não tem muito a lucrar com a atenção e os cuidados que poderia direcionar às outras pessoas.

Esse comportamento, às vezes, é sutil, agravando-se na razão que se lhe fixam no imo a presunção, a ausência de autocrítica, embora a severidade com que analise a conduta alheia, utilizando-se de palavras ásperas e julgamento severo como transferência daquilo de que inconscientemente se faz merecedor.

Ao tomar essa atitude, libera a consciência de culpa e mais se enclausura na torre de marfim da prosápia em que se movimenta.

Essa insegurança psicológica, que se converte em auto-afirmação exibicionista, conspira contra a saúde mental do ser.

Em razão dessa deficiência emocional, quando portador de mediunidade atrai Espíritos zombeteiros que o inspiram, comprazendo-se os mesmos em levar ao ridículo aquele com quem sintonizam, sem que a vítima se dê conta da gravidade da patologia obsessiva em que tomba.

Não se apercebendo de parasitose que se lhe instala, passa a acreditar quase que exclusivamente nas comunicações de que se faz instrumento, competindo com qualquer outro que aparentemente, lhe ameace a projeção.

Mantém boa moral, é conservador e exigente na conduta, porém a tomada na qual se encaixa o plugue obsessivo encontra-se no egoísmo e no temperamento especial, que lhe constituem os grandes desafios a vencer durante a conjuntura reencarnacionista.

Na ordem direta que se destaca, ensoberbece-se mais, deixando de considerar as advertências que lhe chegam, por supor-se inatacável, distanciado de humildade que impõe a auto-reflexão, responsável doutrinariamente pela proposta de tomar para se as comunicações dos Espíritos antes que para os outros.

Imbuído da idéia de que é irreprochável o seu comportamento, passa a supor-se merecedor do contato com os Espíritos nobres e não analisa as comunicações que lhes são atribuídas, cujo conteúdo não vai além do trivial, do destituído de profundidade. São, invariavelmente, repetitivas, exaradas em chavões convencionais, às vezes pomposos, mas irrelevantes.

A obsessão por fascinação é um capítulo muito perturbador do exercício mediúnico.

Toda a trilha da vivência mediúnica é inçada de cardos e de perigos, impondo um trânsito cuidados, porque se trata de intercâmbio constante com seres inteligentes, que também se domiciliam na Terra, continuando a manter as virtudes e os vícios que lhes eram freqüentes.

Vigilantes e contumazes, os ociosos e perversos rondam os médiuns com implacável insistência, aguardando oportunidade para os afligir, para interditar-lhes as mensagens, para entorpecer-lhes a faculdade...

A obsessão, em si mesma, é terrível flagelo que se manifesta epidêmico com periodicidade, mas que nunca esteve fora da convivência humana.

Em torno da mediunidade, particularmente, se movimentam, os Espíritos infelizes, quais mariposas em volta da chama.

Aqueles que são elevados, sintonizam a distância, quando as circunstâncias o propiciam, enquanto que os desocupados, permanecem com afã esperando fluir benefícios mórbidos como a absorção de energias do médium, a intromissão nas atividades humanas, gerando a perturbação em que se comprazem.

A terapia para a recuperação desse tormento se inicia na vigilância do médium, vivenciando a humildade real e tendo a coragem de bloquear a interromper a interferência nefasta, cuidando de livrar-se do seu maneirismo, descendo do pódio da superioridade que se credita para a planície das criaturas comuns e frágeis onde se de situar.

Nenhum médium se encontra indene a esse transtorno obsessivo, e ele é muito mais habitual e constante do que se pode imaginar.

Multiplicam-se na sociedade humana as pessoas autofascinadas, e entre os médiuns, muitos são aqueles que se apresentam com a ultrajante síndrome da obsessão por fascinação.

O Senhor dos Espíritos, sempre que libertava os obsessos, repreendia os seus algozes, admoestando-os e, ao mesmo tempo, lecionando às suas vítimas que Lhe seguissem as diretrizes, amando e servindo.

Ante obsessos de qualquer matiz, são necessários a paciência e a misericórdia, o esclarecimento e a perseverança, a fim de que tenham tempo para despertar e romper os elos que os aprisionam aos seres perturbadores.

Manoel P. de Miranda

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 19/07/1999, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia)


                                                                       Abraços Fraternos


                                                                         Josimar Fracassi

segunda-feira, 4 de maio de 2015

VISÃO ESPÍRITA DA DOAÇÃO DE ORGÃOS




                              VISÃO ESPÍRITA DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

A intenção que nos move ao escrever este artigo não é tentar convencer ninguém a se tornar um doador de órgãos, pois isso feriria um dos princípios fundamentais do Espiritismo: o livre-arbítrio. Nossa motivação não é outra senão aquela que objetiva contribuir com um pouco mais de esclarecimento a respeito deste assunto tão polêmico e sempre muito atual.

Há que se considerar que a medicina representa as mãos de Deus na Terra agindo em benefício do homem. Essa bênção divina é acompanhada pelos Espíritos tutelares de nosso planeta e está sob a sábia orientação do próprio Cristo. Assim, no tempo certo, os progressos da medicina propiciam a cura ou o alívio de várias enfermidades que ainda assolam o homem terreno. Os transplantes, ocorridos em função da doação de órgãos, se enquadram nesta situação. Trata-se de conquista da humanidade e uma sublime oportunidade em que Deus nos permite auxiliar na salvação de uma vida ou pelo menos na diminuição das dores dos nossos semelhantes.

A doação de órgãos foi regulamentada no Brasil em agosto de 1968, conforme a lei nº 5.479, desde que consentida pelo doador. Os critérios adotados para a constatação da morte limitavam muito os transplantes, pois não existia o conceito de morte encefálica, sendo que os órgãos só podiam ser removidos após uma parada cárdio-respiratória e a realização do exame denominado eletroencefalograma isoelétrico. Esses procedimentos faziam com que, muitas vezes, se perdessem as qualidades dos órgãos para transplantes. Somente no ano de 1993 o conceito de morte encefálica foi incorporado à esta prática.

Quatro anos mais tarde, em 1997, através do senador Darci Ribeiro, foi aprovada a lei nº 9.434 que autorizava a retirada de órgãos para transplante após constatação de morte encefálica. Entretanto, essa lei estabelecia também a doação presumida de órgãos, ou seja, presumia-se que todo cidadão que não se manifestasse como “não-doador” em seu documento de identidade seria considerado como um doador de órgãos.

Posteriormente, o governo brasileiro aprovou a lei nº 10.211 em março de 2001 e que está em vigor atualmente. De acordo com esta lei, não vale mais o conceito de doação presumida e perde a validade a manifestação de vontade do cidadão em sua carteira de identidade ou habilitação. Assim, a doação de órgãos só pode ser efetivada mediante a autorização expressa do cônjuge ou de parente mais próximo, independente da vontade do falecido. Em outras palavras: a decisão será sempre da família. Entretanto, cabe a cada um de nós fazer a sua escolha e comunicá-la aos seus familiares, solicitando que a sua decisão seja acatada e respeitada, seja ela qual for.

Mas e o Espiritismo? É a favor ou contra a doação de órgãos? É importante ressaltarmos que na época da codificação espírita nem se cogitava desse assunto. Porém, encontramos ensinamentos nas obras de Allan Kardec que nos autorizam a dizer que sim, o Espiritismo é a favor da doação de órgãos, respeitando também aqueles que optam em não doar, pois essa escolha é de cunho pessoal e não deve ser forçada sob nenhum pretexto.

Com o Espiritismo aprendemos que:

1. “Na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica. O homem já não tem consciência de si mesmo; entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida orgânica. O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Existe, enquanto o coração faz circular nas veias o sangue, para o que não necessita da alma.” (Questão 156 de O Livro dos Espíritos). Não seria isso muito semelhante ao conceito de morte encefálica, cujo diagnóstico só foi possível no final do século XX? Há sangue nas veias, mas já não existe mais vida.

2. Na questão 257 de O Livro dos Espíritos aprendemos que, depois de desligado do corpo físico por ocasião da morte, o Espírito não sente nenhuma dor relacionada à sua antiga vestimenta carnal, pois esta já não tem mais ligação fluídica com o seu perispírito (corpo espiritual).

3. Ao tratar da alimentação do homem na questão 723 de O Livro dos Espíritos, os benfeitores espirituais dizem que no atual estágio da humanidade a carne alimenta a carne. Essa idéia nos permite um questionamento sob o seguinte enfoque: se, para o sustento da vida, a carne alimenta a carne, será que um órgão em boas condições não poderia substituir um outro que esteja danificado? Isto também não seria “carne alimentando carne”?

Não podemos nos esquecer de que o corpo físico é apenas uma vestimenta, um invólucro que é descartado quando não tem mais condições de uso, tendo em vista que o Espírito despoja-se dele por ocasião do fenômeno que chamamos de morte. Na verdade, o corpo físico não nos pertence. Ele nos é concedido por Deus como um empréstimo, a fim de que possamos usá-lo em nossa trajetória terrestre, visando nossa evolução espiritual. Tanto é assim que quando morremos, ele fica por aqui mesmo, no solo do planeta. “(...) és pó, e ao pó tornarás.” (Gênesis, 3:19).

Ademais, as lesões que ficam registradas em nosso corpo espiritual geradas a partir da desarmonia do Espírito são aquelas causadas por suicídio e pelos nossos excessos, tais como as doenças oriundas do uso do álcool, do fumo e das drogas. Podemos dizer que o comprometimento e, conseqüentemente, o desequilíbrio de nossas estruturas perispiríticas ocorrem quando infringimos as Leis Divinas.

Não obstante, a idéia de que precisaríamos do corpo físico na vida espiritual tem sua origem no antigo Egito, de onde surgiram as múmias, pois os faraós acreditavam que a vestimenta carnal era imprescindível para a continuidade da vida no Além. Corrigindo este pensamento, Paulo de Tarso, o grande apóstolo dos gentios, ensinou em sua primeira carta aos Coríntios (15:50) que “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus”.

Se já sabemos que vida continua após a morte do corpo físico e que no plano espiritual não teremos necessidade dele, por que então não beneficiar alguém que ainda sofre na Terra? Doar nossos órgãos após a partida deste mundo é o coroamento de uma existência consagrada a auxiliar os semelhantes; é saber que nossa última contribuição foi ajudar alguém a viver um pouco mais.

Portanto, com base nos postulados doutrinários, cabe-nos então a seguinte interrogação: o interesse individual de preservação da integridade física, mesmo após a morte, deve prevalecer sobre o interesse social de garantir a vida de pessoas enfermas? As respostas para esta pergunta encontramos no próprio Evangelho do Mestre Maior a nos ensinar que devemos amar o próximo como a nós mesmos e fazer aos nossos semelhantes tudo aquilo que gostaríamos que eles nos fizessem (Marcos 12:31 e Mateus 7:12). Não podemos pensar na nossa situação e de nossos entes queridos somente como doadores. No porvir, poderemos ser um de nós a figurar como um possível receptor. Tudo isso nos leva a concluir que devolver a saúde e a esperança a um indivíduo enfermo é muito mais importante do que conservarmos intacto um cadáver que os vermes comerão debaixo da terra ou que se tornará um punhado de cinzas após a cremação.

Um ponto obscuro nesse assunto e sobre o qual a Doutrina Espírita jorra suas luzes é com relação a rejeição dos órgãos doados. Isto ocorre quando as vibrações energéticas do corpo espiritual do doador e do receptor são diferentes, fazendo com que o órgão transplantado não encontre sintonia vibracional no destino. A rejeição orgânica é, na verdade, uma conseqüência da divergência vibratória dos sistemas vitais de um e de outro. Para atenuar tal problema e até mesmo saná-lo em alguns casos, é necessário uma grande dose de altruísmo por parte do doador e de gratidão por parte do receptor, tudo isso somado ao auxílio dos benfeitores espirituais. Aí ocorre o processo que o espírito André Luiz denomina como “vibrações compensadas” e que, no caso dos transplantes, o autor espírita Eurípedes Kühl chama de “equalização de fluidos, transitando nas camadas mais profundas do psiquismo do doador e do receptor”.

É importante salientar que o doador sempre será beneficiado em virtude do seu ato de amor. Além de ter todo o amparo da misericórdia divina, os amigos espirituais e protetores daquele que recebeu os órgãos lhe serão eternamente gratos. As vibrações de gratidão por parte do próprio receptor e de seus familiares beneficiarão ainda mais o desencarnado no plano espiritual.

Como determina a legislação vigente o que vale é a palavra final da família. Portanto, ao comunicarmos nossa decisão aos nossos familiares, pensemos nas crianças gravemente enfermas, cuja salvação reside apenas no transplante. Pensemos que temos em nossas mãos o poder de aliviar dores e salvar vidas, sob as bênçãos de Deus. E por falar Nele é bom lembrar que Suas leis são perfeitas e que o não-doador de hoje pode ser um receptor amanhã. Cabe a cada um de nós contribuir para esclarecer o fenômeno da morte do corpo físico, a imortalidade da alma e a vida no plano espiritual. É nosso dever cuidarmos do corpo que nos serve de instrumento evolutivo, mas não devemos ser egoístas e vaidosos a ponto de não permitir sua mutilação para fins humanitários após a morte.

Reproduzimos parte de um artigo publicado no jornal “Folha de São Paulo” no dia 15/05/2001. O autor é o Professor Doutor Raul Marino Júnior, neurocirurgião e professor titular de Neurocirurgia da Divisão de Clínica Neurocirúrgica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Eis o texto: “(...) Heróis são difíceis de achar – doadores vivos, doadores potenciais mantidos vivos em UTI’s em respiradores artificiais e famílias esclarecidas que acabaram de sofrer a tragédia da perda de um ente querido. É preciso uma alta dose de altruísmo, solidariedade e generosa caridade cristã para transferir a própria vida, por nossa vontade, após nos despirmos das prisões da carne, ou consentir que um parente venha a compartilhar o dom da vida com alguém da lista nacional (de pacientes aguardando recepção de órgãos), após um infortúnio. (...) Os transplantes, ligados intimamente que estão ao ato supremo das doações, surgiram como que para testar nossas virtudes de solidariedade humana, nosso altruísmo, nossa generosidade, nossa piedade, nossa compaixão, nossa filantropia, nossa benevolência, nossa bondade, nosso amor ao próximo, nosso Espírito humanitário, nossa indulgência, nossa excelência moral, nossa grandeza de alma, nossa misericórdia, nosso Espírito de socorro, amparo e auxílio e, sobretudo, a virtude mais decantada nos Evangelhos: o amor e a caridade”.

Encerrando nossas reflexões sobre tema tão polêmico, deixamos aos amigos uma mensagem que recebemos pela Internet sem identificação do autor:

“Quando minha hora chegar, não tente introduzir vida artificial no meu corpo, através de uma máquina. Em vez disso, doe meus olhos para um homem que nunca viu o Sol nascer, nem o rosto de um bebê ou o amor nos olhos de uma mulher. Doe meus rins para uma pessoa que depende de máquina para viver de semana em semana. Pegue meu sangue, meus ossos, todos os músculos e nervos do meu corpo, e encontre uma maneira de fazer uma criança aleijada a andar. Explore todos os cantos do meu cérebro. Pegue minhas células, se for necessário, e cultive-as. Então, quem sabe um dia, um garoto mudo consiga gritar quando seu time marcar um gol, e uma garota surda consiga ouvir o som dos pingos da chuva batendo na sua janela. Queime o que restar de mim e espalhe as cinzas para ajudar as flores crescerem. Se você quiser mesmo enterrar alguma coisa, enterre meus erros e minhas fraquezas. Minha alma eu peço que seja entregue a Deus”.

Fonte:  Valdir Pedrosa


                                                                   Abraços Fraternos Desse Autor


                                                                              Josimar  Fracassi