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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

HOJE EU POSSO ESCOLHER - Charles Chaplin




Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite.
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição.
Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.
Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter um trabalho.
Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus pela oportunidade da experiência.
Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.
Se as coisas não saíram como planejei, posso gastar os minutos a me lamentar ou ficar feliz por ter o dia de hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser vivido da maneira que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma às ideias e utilidade às horas. Tudo depende só de mim.
Nesta mensagem atribuída ao saudoso Charlie Chaplin, astro de Hollywood, que encantou o mundo no tempo do cinema mudo, encontramos motivos de reflexões.
Sem dúvida, a vida é feita de escolhas...
O tempo todo estamos fazendo escolhas, elegendo o que fazer e o que não fazer, o que pensar e o que não pensar, em que acreditar e em que não acreditar.
A vida está sempre a nos apresentar opções. E as escolhas dependem exclusivamente de nós mesmos.
Não há constrangimento algum. Somos senhores absolutos da nossa vontade, no que diz respeito às questões morais.
Se é verdade que às vezes somos arrastados pelas circunstâncias, é porque optamos anteriormente por entrar nesse contexto.
Assim, antes de optar por qualquer das opções que a vida nos oferece, é importante pensar nas consequências que virão em seguida.
Importante lembrar que não estamos no mundo em regime de exceção. Todos estamos na Terra para aprender. E as lições muitas vezes são mais simples do que pensamos.
Não imaginemos que as coisas e circunstâncias desagradáveis só acontecem para nos atingir. Elas fazem parte do contexto em que nos movimentamos junto a milhares de pessoas que vivem na Terra conosco.
*   *   *
Olhe, em seu jardim, as flores que se abrem e nunca as pétalas caídas.
Contemple, em sua noite, o fulgor das estrelas e nunca o chão escuro.
Observe, em seu caminho, a distância já percorrida e nunca a que ainda falta vencer.
Retenha, em sua memória, risos e canções e nunca os seus gemidos.
Conserve, em seu rosto, as linhas do sorriso e nunca os sinais da mágoa.
Guarde, em seus lábios, as mensagens bondosas e esqueça as maldições.
Conte e mostre as medalhas de suas vitórias e encare as derrotas como uma experiência que não deu certo.
Lembre-se dos momentos alegres de sua vida e não das tristezas.
A flor que desabrocha é bem mais importante do que mil pétalas caídas.
E um só olhar de amor pode levar consigo calor para aquecer muitos invernos.
Seja otimista e não se esqueça de que é nas noites sem luar que brilham mais forte nossas estrelas.

                                                                    Abraços Fraternos


                                                                    O    AUTOR



domingo, 28 de outubro de 2012

A mala de viagem Volta (Extraído do livro "Psycho-Pictography", de Vernon Howard.)








Conta-se uma fábula sobre um homem que caminhava vacilante pela estrada, levando uma pedra numa mão e um tijolo na outra. Nas costas carregava um saco de terra; em volta do peito trazia vinhas penduradas. Sobre a cabeça equilibrava uma abóbora pesada.
Pelo caminho encontrou um transeunte que lhe perguntou: "Cansado viajante, por que carrega essa pedra tão grande?"
"É estranho", respondeu o viajante, "mas eu nunca tinha realmente notado que a carregava." Então, ele jogou a pedra fora e se sentiu muito melhor.
Em seguida veio outro transeunte que lhe perguntou: 'Diga-me, cansado viajante, por que carrega essa abóbora tão pesada?"
"Estou contente que me tenha feito essa pergunta", disse o viajante, "porque eu não tinha percebido o que estava fazendo comigo mesmo." Então ele jogou a abóbora fora e continuou seu caminho com passos muito mais leves.
Um por um, os transeuntes foram avisando-o a respeito de suas cargas desnecessárias. E ele foi abandonando uma a uma. Por fim, tornou-se um homem livre e caminhou como tal. Qual era na verdade o problema dele? A pedra e a abóbora?
Não.
Era a falta de consciência da existência delas. Uma vez que as viu como cargas desnecessárias, livrou-se delas bem depressa e já não se sentia mais tão cansado. Esse é o problema de muitas pessoas. Elas estão carregando cargas sem perceber. Não é de se estranhar que estejam tão cansadas!
O que são algumas dessas cargas que pesam na mente de um homem e que roubam as suas energias?


  1. Pensamentos negativos.
  2. Culpar e acusar outras pessoas.
  3. Permitir que impressões tenebrosas descansem na mente.
  4. Carregar uma falsa carga de culpa por coisas que não poderiam ter evitado.
  5. Auto-piedade.
  6. Acreditar que não existe saída.
Todo mundo tem o seu tipo de carga especial, que rouba energia. Quanto mais cedo começarmos a descarregá-la, mais cedo nos sentiremos melhor e caminharemos mais levemente.


                                                                                                          Fica a sugestão !

                                                                                                           Abraços Fraternos


                                                                                                             O    AUTOR


JARDINS DA ESPIRITUALIDADE


QUERO VER ESPÍRITOS DE LUZ - Chico Xavier




Certa vez, uma moça que participava do trabalho de desenvolvimento mediúnico, conversando com Chico Xavier disse:
-   Chico, gostaria tanto de desenvolver a mediunidade da vidência, para poder enxergar Emmanuel, Bezerra de Menezes, Sheilla . . .
Chico, esboçou um sorriso e esclareceu:
-          Num pântano, veremos poucas flores, mas muitos sapos.
Chico quis dizer que, a Terra é um planeta que recebe espíritos que ainda abrigam em seu ser a maldade e a ignorância. Portanto, será difícil um médium ver apenas espíritos missionários.


QUE MEDIUNIDADE ESPERAMOS TER?

A mediunidade que todos esperamos é a espetacular, a fenomênica.
Pedimos a vidência, para ver Espíritos de grande luz ou para descobrir piedosamente os necessitados do Umbral, levando-lhes auxilio na medida de nossas possibilidades?
Suplicamos a clariaudiência, para ouvir coros  celestes ou  deliciar-nos com  os  conselhos  dos  Espíritos e atender aos apelos dos desencarnados que pedem orientação?
Queremos servir de intermediários na psicografia entre os instrumentos espirituais e os homens?
Ambicionamos a incorporação, para que em nós se manifestem os bons Espíritos em preleções luminosas, ou os sofredores em lamentações, para serem consolados e reequilibrados?
Esperamos a viagem astral como um prêmio ao nosso gosto em freqüentar sessões ou para atender aos espíritos que de longe nos chamam?
No entanto, vemos por acaso, com atenção, as glórias da natureza em redor de nós?


Olhamos, sem desviar os olhos, os pobres e aleijados, os doentes e estropiados, os aflitos e desesperados?
Utilizamo-nos bem do dom da vidência que já recebemos do Senhor aqui na Terra, para, vendo-lhes as misérias levar-lhes auxílio?
Aproveitamos o dom da psicografia, isto é, do conhecimento da escrita, para ensinar a uma criancinha pobre ou a uma empregada analfabeta?
Lembremo-nos de que cada um de nós, trás em si mesmo, um Espírito permanentemente incorporado, que precisa progredir. E que fazemos dele?
E as viagens aos morros, para socorrer os pobres . . . a orfanatos para acariciar crianças . . . a hospitais, para aliviar enfermos . . . a asilos, para consolar os velhinhos . . . e leprosários para ajudar os sofredores, nós os fazemos?
Se não pomos em prática os dons mediúnicos que já temos na matéria, por que queremos buscar outros de fora, que não depende de nós?
Desenvolvamos bem essas mediunidades que já nos foram concedidas pelo Senhor, e no tempo oportuno, receberemos todas as outras.
Atendamos primeiro, ao próximo, que está em redor de nós e depois, teremos lastro para ir atender a outros no outro Mundo.

Do livro: Sugestões Oportunas, cap. 10
De: C. Torres Pastorino


                                                         Abraços Fraternos


                                                          O    AUTOR

sábado, 27 de outubro de 2012

ROMPANTES






A vida moderna caracteriza-se pela pressa.

Os recursos tecnológicos permitem que pessoas distantes troquem mensagens de forma instantânea.

A internet viabiliza a circulação de informações com rapidez vertiginosa.

Se algo relevante acontece em determinado país, em instantes isso pode ser levado ao conhecimento dos habitantes do outro lado do globo.

O dinheiro circula com grande desenvoltura pelas bolsas de valores de todo o planeta.

No jargão empresarial, tempo é dinheiro.

Decisões importantes freqüentemente têm de ser tomadas com prontidão e presteza.

Essa pressa já contamina as relações pessoais.

Relacionamentos começam e terminam em uma velocidade impensável há algum tempo atrás.

As pessoas se permitem intimidades tão logo se conhecem.

Mas igualmente têm pressa em seguir adiante, ao menor sinal de incompatibilidade.

Isso logra banalizar, de certo modo, o contato humano.

A agilidade que tudo impulsiona tende a fazer com que se tome pouco cuidado no lidar com o semelhante.

Esquece-se de que ele não é uma aplicação financeira ou um negócio a ser finalizado.

Nessa urgência de viver intensamente, as pessoas esquecem algumas regras básicas de educação.
Tornam-se quase desumanas, no afã de rapidamente partir para uma próxima etapa, mesmo sem atinar com o que vem a seguir.

À míngua de calma, vive-se na base de rompantes.

Sem muito refletir, as pessoas falam e agem.

Nesse processo, freqüentemente ferem os que as rodeiam.

Mas não se preocupam com isso, de acordo com uma nova e rasa perspectiva de vida.

Se confrontadas, afirmam-se apenas sinceras.

Reputam como virtude o hábito de dizer o que pensam, sem se preocupar com os sentimentos alheios.

Contudo, ninguém aprecia ser tratado com rudeza.

Mesmo quem age rudemente não gosta de receber pontapés.

Segundo um antigo provérbio, a verdade é como uma jóia preciosa.

Se uma jóia for atirada com violência na face de alguém, provocará ferimentos ou até cegueira.

Mas se for oferecida em um belo embrulho, de forma gentil, agradará bastante.

Então, é preciso cuidado com a forma como a verdade é aplicada na vida do próximo.

Uma verdade feroz apenas gera ferimentos e animosidade.

Mas se ela for apresentada com tato e gentileza, há grande chance de ser bem aceita.

Contudo, para ser gentil é necessário gastar algum tempo.

A gentileza é incompatível com rompantes.

Para não ser causa de sofrimentos e mágoas, reflita antes de falar e agir.
Lembre que ação gera reação.

O tratamento que você concede aos outros mais tarde lhe será concedido.

Deixe a rapidez e a pressa para questões objetivas, como negócios e notícias.

Em suas relações, seja calmo e ponderado.

Quem reage ao primeiro impulso, tem grandes chances de se arrepender.

O hábito de formular juízo de valor com rapidez implica, não raro, condenar sem permitir defesa.

Essa é uma atitude típica de déspotas, que sempre acabam sós.

Relações amorosas ou fraternas não se consolidam sem dedicação e cuidado.

Em clima de rudeza e insensibilidade, elas fenecem.

Tempo pode ser dinheiro, como habitualmente se afirma.

Mas a fortuna é uma compensação muito insignificante para a falta de amores e amigos.

Pense nisso.


                                                                                   Abraços Fraternos


                                                                                        O    AUTOR

sábado, 20 de outubro de 2012

A VIDA ME ENSINOU - Charles Chaplin




A vida me ensinou...
A dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir; aprender com meus erros.
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças; sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo.
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente, pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", 
embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente,
como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher.
Charles Chaplin

"A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação." Chico Xavier - Emmanuel



Abraços Fraternos


O    AUTOR


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A MAIS BELA FLOR






O bosque estava quase deserto quando o homem se sentou para ler, debaixo dos longos ramos de um velho carvalho.
Estava desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando afundá-lo.
E, como se já não tivesse razões suficientes para arruinar o seu dia, um garoto chegou, ofegante, cansado de brincar.
Parou na sua frente, de cabeça baixa e disse, cheio de alegria:
Veja o que encontrei!
O homem olhou desanimado e percebeu que na sua mão havia uma flor.
Que visão lamentável! Pensou consigo mesmo.
A flor tinha as pétalas caídas, folhas murchas e, certamente, nenhum perfume.
Querendo ver-se livre do garoto e de sua flor, o homem desiludido fingiu pálido sorriso e se virou para o outro lado.
Mas, ao invés de recuar, o garoto sentou-se ao seu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
O cheiro é ótimo e é bonita também...
Por isso a peguei. Tome! É sua.
A flor estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas ele sabia que tinha que pegá-la, ou o menino jamais sairia dali.
Então estendeu a mão para pegá-la e disse, um tanto contrafeito:
Era o que eu precisava.
Mas, ao invés de colocá-la na mão do homem, ele a segurou no ar, sem qualquer razão.
E, naquela hora, o homem notou, pela primeira vez, que o garoto era cego e que não podia ver o que tinha nas mãos.
A voz lhe sumiu na garganta por alguns instantes...
Lágrimas quentes rolaram do seu rosto enquanto ele agradecia, emocionado, por receber a melhor flor daquele jardim.
O garoto saiu saltitando, feliz, cheirando outra flor que tinha na mão e sumiu no amplo jardim, em meio ao arvoredo.
Certamente iria consolar outros corações que, embora tenham a visão física, estão cegos para os verdadeiros valores da vida.
Agora o homem já não se sentia mais desanimado e os pensamentos lhe passavam na mente com serenidade.
Perguntava-se como é que aquele garoto cego poderia ter percebido sua tristeza a ponto de aproximar-se com uma flor para lhe oferecer.
Concluiu que talvez a sua autopiedade o tivesse impedido de ver a natureza que cantava ao seu redor, dando notícias de esperança e paz, alegria e perfume...
E como Deus é misericordioso, permitiu que um garoto, privado da visão física, o despertasse daquele estado depressivo.
E o homem, finalmente, conseguira ver, através dos olhos de uma criança cega, que o problema não era o mundo, mas ele mesmo.
E, ainda mergulhado em profundas reflexões, levou aquela feia flor ao nariz e sentiu a fragrância de uma rosa...
*   *   *
Verdadeiramente cego é todo aquele que não quer ver a realidade que o cerca.
Tantas vezes, pessoas que não percebem o mundo com os olhos físicos, penetram as maravilhas que os rodeiam e se extasiam com tanta beleza
Talvez tenha sido por essa razão que um pensador afirmou que o essencial é invisível aos olhos.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep.Em 13.03.2012.

                                                                    Abraços Fraternos

                                                                      O    AUTOR


domingo, 14 de outubro de 2012

O ARGUEIRO E A TRAVE NO OLHO




O Argueiro e a Trave no Olho

Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? - Ou, como é que dizeis ao vosso irmão: Deixa-me tirar um argueiro ao teu olho, vós que tendes no vosso uma trave? - Hipócritas, tirai primeiro a trave ao vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (S. MATEUS, cap. VII, vv. 3 a 5.)
Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu, se visse alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais, quanto físicos. Semelhante insensatez é essencialmente contrária à caridade, porquanto a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente. Caridade orgulhosa é um contra-senso, visto que esses dois sentimentos se neutralizam um ao outro. Com efeito, como poderá um homem, bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o exalçaria? Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o orgulho é também a negação de muitas virtudes. Ele se encontra na base e como móvel de quase todas as ações humanas. Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso.

                                         Abraços Fraternos

                                            O    AUTOR



sábado, 13 de outubro de 2012

O PERFUME DA CARIDADE




PERFUME DA CARIDADE
Aprimoremos a maneira de dizer as palavras

A estória  comenta o relacionamento de um casal que muito se ama. Ela desenvolveu um câncer no seio e teve que extraí-lo, mas isso não abalou o relacionamento do casal, apesar das dores e aflições. Em cinco anos, o outro seio também foi afetado, mas o bom e amigo médico que antes a atendera já havia morrido.
Procuraram outro médico, mas este, completamente insensível às dores do casal e especialmente da mulher, ao vê-la sem um seio, já exclamou friamente:“Mas a senhora já não tem um seio... Seu caso é muito mais grave do que eu imaginava”.
E o escritor, comentando a própria estória, colocou em seu texto: “Fico a me perguntar: Por que é que ele falou o que falou? Não falou para informar mulher e marido de uma coisa que não soubessem. Eles sabiam que ela não tinha um seio. Também não falou para certificar-se de algo que estava vendo mas não via bem, por ser ruim dos olhos, pois ele enxergava muito bem. E qual a razão do seu frio, imediato e cruel diagnóstico. Para que falou isso? Era necessário? Não, não era necessário. Seu diagnóstico em nada contribuiu para o tratamento daquela mulher. Ou será que ele falou assim por inocência? Não imaginava o veneno que suas palavras carregavam? Não imaginava o efeito de suas palavras sobre aquela mulher despida, sem um seio, humilhada, amedrontada. Se falou por inocência digo que o dito médico só pode ser um idiota que nada conhece sobre os seres humanos”.

E continua: “Crueldade não é algo que somente existe nas câmaras de tortura. Ela se faz também com palavras. Há palavras cruéis que apagam a tênue chama da esperança. (...)” E pergunta em seguida: “(...) qual é o lugar, nos currículos de medicina, onde tanta coisa complicada se ensina, para uma meditação sobre a compaixão? É na compaixão que a ética se inicia e não nos livros de ética médica. Ah! Dirão os responsáveis pelos currículos – compaixão não é coisa científica. Não entra na descrição dos casos clínicos. Não pode ser comunicada em congressos. Portanto, não tem dignidade acadêmica. Certo. Mas acontece que não somos automóveis a serem consertados por mecânicos competentes. Somos seres humanos. Amamos a vida, queremos viver. Sofremos de dores físicas e de dores da alma: o medo, a solidão, a impotência, a morte. O que esse médico fez não tem conserto. Uma vez feito a ferida sangra. Palavras não podem ser recolhidas. O sofrimento foi plantado.(...)
 O leitor habituado aos textos escritos sob a luz da Doutrina Espírita, naturalmente se recordará da caridade nas palavras, ao tomar contato com o relato acima transcrito. Sim, a falta de psicologia no médico imaginário da estória criada pelo escritor e seus próprios comentários no artigo indicam a importância do respeito às dificuldades alheias. É a velha questão da benevolência para com todos e da indulgência para com as imperfeições alheias, conforme a resposta dos espíritos na questão 886 de O Livro dos Espíritos. E mesmo em O Evangelho Segundo o Espiritismo há farto material para relacionar-se com o tema aqui abordado, pois é da própria índole doutrinária o amor e a caridade que lhe dão base e sustentação.
Mas fomos buscar na Revista Espírita (publicação fundada por Kardec em 1858 e ainda editada na França) um embasamento bem interessante. É no exemplar de julho de 1861, no artigo com o título O Hospital Central, em duas comunicações assinadas pelos Espíritos Gérard de Nerval e Alfred de Musset, que Kardec trouxe o assunto das enfermidades terminais. Na primeira das manifestações há um desalento de um jovem de 24 anos, na descrição de Gérard. Mas é na segunda delas que o Alfred, referindo-se às misérias humanas encontradas nos casos de enfermidades cruéis, pondera na explanação de uma mulher que o acompanhava no relato do texto: “(...) dizei àqueles que sofrem e que estão abandonados, que Deus, o Pai, não está mais refugiado no céu inacessível, e que lhes envia, para consolá-los e assistí-los, os Espíritos daqueles que perderam; que seus pais, suas mães, seus filhos, inclinados à sua cabeceira e falando-lhes a língua conhecida, lhes ensinarão que além-túmulo brilha uma jovem aurora que dissipa, como uma nuvem, os males terrestres.(...)”
O que mais no interessa, entretanto, além do consolo claro diante das doenças terminais, é a questão da caridade no trato pessoal uns com os outros, teor central da temática levantada pelo escritor. No exemplar de dezembro de 1868 da mesma Revista Espírita, em pronunciamento de Allan Kardec na Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, no discurso de abertura, encontramos toda a transparência da base doutrinária do Espiritismo, em páginas de meridiana beleza textual. No belo texto escolhemos pequeno trecho para embasar os presentes comentários.Depois de vasta abordagem sobre a Doutrina Espírita, Allan Kardec adentra a questão da caridade e destaca que “(...) Amar seu próximo é (...)”, entre valiosas outras considerações, “(...) é ocultar ou desculpar as faltas de outrem, em lugar de se comprazer em pô-las em relevo pelo espírito de denegrir; é ainda não se fazer valer às custas dos outros; de não procurar esmagar ninguém sob o peso de sua superioridade; de não desprezar ninguém por orgulho. (...)”
No parágrafo que destacamos, o Codificador apresenta a distinção entre caridade beneficente e caridade benevolente. E completa, após valiosíssimas considerações, que o estudioso espírita não pode deixar de ler e refletir, com esta preciosidade: “(...) Eis a verdadeira caridade benevolente, a caridade prática, sem a qual a caridade é uma palavra vã; é a caridade do verdadeiro Espírita como do verdadeiro cristão (...)”
Os destaques acima, em negrito, de nossa autoria, nas expressões caridade prática, espírito de denegrir e de não procurar esmagar ninguém sob o peso de sua responsabilidade, indicam bem o grande desafio da atualidade, inclusive entre espíritas. Essa pretensa superioridade que muitas vezes nos impomos perante outros, seja qual for o momento ou circunstância em que estejamos, de esmagar a esperança alheia, de denegrir o esforço alheio, contrasta severamente com a caridade prática apresentada pelos Espíritos na questão acima referida pelo O Livro dos Espíritos, índole do próprio Espiritismo e que deve nos caracterizar o comportamento.
Somente o perfume da caridade consegue atenuar as aflições alheias, levando alento, consolo e paz a quem por si só já se sente humilhado, esmagado pelas angústias de uma enfermidade ou de outras causas que muitas vezes nem conhecemos.
Devemo-nos, mutuamente, a solidariedade, a atenção, o calor do amor que compreende. Se distantes desses valores, somos como o bronze sonante ou ocímbalo retumbante, conforme afirmou o apóstolo Paulo, em sua 1ª Epístola aos Coríntios (capítulo XIII, v. de 1 a 7 e 13) e que Kardec usou no capítulo XV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, para comentar que Paulo “(...) Coloca, assim, sem equívoco, a caridade acima mesmo da fé, porque a caridade está ao alcance de todo o mundo, do ignorante e do sábio, do rico e do pobre, e porque independe de toda crença particular. E fez mais: definiu a verdadeira caridade; mostrou-a não somente na beneficência, mas na reunião de todas as qualidades do coração, na bondade e benevolência para com o próximo”.
O caso trazido pelo escritor Rubem Alves, em sua crônica, denota a ausência de caridade do médico para com a paciente. Embora especificamente não seja verídico, ele ocorre muitas vezes. E não só com médicos, mas com todos aqueles que nos esquecemos que qualquer pessoa merece respeito, ainda que seja somente pelo sentimento de caridade, sem considerar todos os demais incontáveis motivos que lembram dignidade, sentimento humanitário e nossa condição comum de seres em aprendizado.
Nota do autor: As transcrições constantes desta matéria são de edições do IDE – Instituto de Difusão Espírita, de Araras-SP, na tradução de Salvador Gentile.
 Matéria publicada originariamente na Revista Internacional de Espiritismo, edição de janeiro de 2005.

                                                                                Abraços Fraternos


                                                                                 O    AUTOR